O período de preparação para um casamento é extremamente complicado. É muita coisa pra lembrar, marcar, provar, esquecer, desistir. Docinho, convite, música, etc.
Exige dos noivos fôlego de maratonista, elasticidade de ginasta e paciência de enxadrista. Eventualmente também o jogo de cintura do craque de futebol que dribla o mais temido dos zagueiros. Para escapar das enrascadas que vão surgir na longa trajetória até o altar. Situações que vão causar altas doses de constrangimento e vergonha como a que conto a seguir.
Minha angústia mais profunda era decidir logo onde fazer a festa. Afinal, queria um espaço bonito, charmoso, barato, acolhedor. Só isso.
Então, digitei no Google "locais para festa de casamento em SP". Apareceram umas mil respostas. De todos os buffets sugeridos, marquei visita em uns 20.
Mas, só fui mesmo em uns 5 ou 6. Deu uma preguiça imensa.
Entre os buffets que visitei, há um em que espero jamais aparecer novamente. Foi um caso de antipatia imediata. Sabia que aquele não seria o lugar assim que estacionei o carro na porta. Sei lá. Era só um sentimento que se confirmou assim que a porta abriu.
Fomos recepcionados, eu e minha noiva, por um rapaz muito educado. Mas muito educado mesmo. Sabem aquelas pessoas chatas, pegajosas, que pensam que estão agradando?
Era um desses.
Tudo o que eu não precisava àquela hora da noite, com fome e cansado após um longo dia de trabalho. Mal chegamos e o mala que guardava uma espécie de enciclopédia debaixo do braço começou a falar como uma máquina:
- Bem vindos à Vila Bizuki. A Vila Bizuki é um espaço que tem 80 anos. O piso é de madeira Batapuã, da Amazônia. Usamos no banheiro lavanda de rosas da França. Nossos funcionários são treinados no Centro de Treinamento da Vila Bizuki, de onde saem deliciosos quitutes.
Sem que pudéssemos respirar, ele olha para o teto e dispara:
- Vejam esse lustre. É uma espécie de talismã para nossa família. Era do meu tataravô, Giuseppe Bizuki, que veio da Europa...blá, blá, blá, blá.
Naquele instante, o único desejo que passava pela minha cabeça era ver aquele lustre desabar no chão.
-Vocês terão agora o prazer de conhecer a Vila Bizuki!
Novas portas foram abertas, observo dezenas de casais sentados em uma série de mesas. Era a chamada noite de degustação, em que todos os interessados em fazer o casamento são convidados para conhecer a casa. Ao mesmo tempo.
Pois bem.
Sentamos na nossa mesa. Docemente constrangidos sem saber o que esperar, quando o chato começa a falar sobre comida:
-Nossa cozinha possui o requinte da alta culinária do Mediterrâneo. Terão o prazer de conhecê-la. Depois de visitarem todos os nossos ambientes.
Pois bem.
Sentamos na nossa mesa. Docemente constrangidos sem saber o que esperar, quando o chato começa a falar sobre comida:
-Nossa cozinha possui o requinte da alta culinária do Mediterrâneo. Terão o prazer de conhecê-la. Depois de visitarem todos os nossos ambientes.
Com fome, passei uns 50 minutos visitando salões, corredores, sacadas. Vendo diferentes opções de decoração para cadeiras, diferentes formatos de velas.
-Vejam como fica a pista de dança com luz azul! Verde. Amarela. Roxa. Branca. Rosa.
Uma hora mais famintos, voltamos para a mesa.
-Agora vão conhecer as opções de serviço.
Começou a vir a comida. Salgadinhos, pratos quentes, doces.
- Enquanto degustam, vejam imagens de festas já realizadas aqui.
Ficaram na nossa mesa duas pequenas enciclopédias.
Com umas 500 fotos cada.
Terminamos a degustação.
O vendedor reaparece com um notebook.
Mas antes, diz em tom ameaçador:
-Daqui a pouco vamos testar a pista de dança.
O que será que ele quis dizer? Como será esse teste? pensei comigo.
-Vamos ver mais algumas fotos?
Recomeçou todo o sofrimento. Ele nos mostrou em um notebook dezenas de imagens de noivas saindo, noivas entrando, corredores com luz acesa, luz apagada, com flores jogadas no chão, sem flores jogadas no chão.
Bom, naquele dia conheci até o depósito de lixo da Vila Bizuki. Mas, o pior estava por vir.
-Vamos para a pista! – ele gritou um pouco empolgado demais.
Não acreditei no que estava vendo. Fiz duas ameaças de deixar o recinto, mas fui demovido pela minha noiva.
Com as mãos no bolso e um peso imenso nas costas provocado pelo sentimento de derrota que me atingiu subitamente observo que todos os outros casais estão olhando pra mim.
De pé, no centro da pista, ficamos eu, o chato e minha noiva.
Ao nosso redor, uns 10 ou 15 casais com cara de "vergonha alheia".
O DJ começa a tocar um som de discoteca. E eu com as mãos no bolso. Pregado no chão. Olho para o lado e o chato está dançando com os ombros. Tive vontade de agredi-lo.
Pedi para parar. Disse que já estava bom, mas ele queria mais.
Me fez atravessar toda a pista para encostar a mão na caixa de som e sentir a "vibe". Caixas que também vieram da Europa, segundo o chato que, por misericórdia, me deixou voltar para a mesa.
Estava suado.
Como se tivesse sido submetido a uma sessão de tortura.
Para encerrar bem a noite, ele faz um orçamento equivalente ao preço de um apartamento. Mas disse que podia negociar. Claro, um cara tão legal, tão bonzinho. Prometi avaliar e entrar em contato mais pra frente.
Nunca mais apareci.
Mas, como bom chato passou a me ligar insistentemente.
Até um dia em que disse que não haveria mais casamento porque havia sofrido um acidente e o dinheiro reservado para a festa seria utilizado para comprar duas pernas mecânicas.
Nunca mais me ligou.
Chato!
Mais de Rafael Colombo no blog RETRATO PAULISTANO
Começou a vir a comida. Salgadinhos, pratos quentes, doces.
- Enquanto degustam, vejam imagens de festas já realizadas aqui.
Ficaram na nossa mesa duas pequenas enciclopédias.
Com umas 500 fotos cada.
Terminamos a degustação.
O vendedor reaparece com um notebook.
Mas antes, diz em tom ameaçador:
-Daqui a pouco vamos testar a pista de dança.
O que será que ele quis dizer? Como será esse teste? pensei comigo.
-Vamos ver mais algumas fotos?
Recomeçou todo o sofrimento. Ele nos mostrou em um notebook dezenas de imagens de noivas saindo, noivas entrando, corredores com luz acesa, luz apagada, com flores jogadas no chão, sem flores jogadas no chão.
Bom, naquele dia conheci até o depósito de lixo da Vila Bizuki. Mas, o pior estava por vir.
-Vamos para a pista! – ele gritou um pouco empolgado demais.
Não acreditei no que estava vendo. Fiz duas ameaças de deixar o recinto, mas fui demovido pela minha noiva.
Com as mãos no bolso e um peso imenso nas costas provocado pelo sentimento de derrota que me atingiu subitamente observo que todos os outros casais estão olhando pra mim.
De pé, no centro da pista, ficamos eu, o chato e minha noiva.
Ao nosso redor, uns 10 ou 15 casais com cara de "vergonha alheia".
O DJ começa a tocar um som de discoteca. E eu com as mãos no bolso. Pregado no chão. Olho para o lado e o chato está dançando com os ombros. Tive vontade de agredi-lo.
Pedi para parar. Disse que já estava bom, mas ele queria mais.
Me fez atravessar toda a pista para encostar a mão na caixa de som e sentir a "vibe". Caixas que também vieram da Europa, segundo o chato que, por misericórdia, me deixou voltar para a mesa.
Estava suado.
Como se tivesse sido submetido a uma sessão de tortura.
Para encerrar bem a noite, ele faz um orçamento equivalente ao preço de um apartamento. Mas disse que podia negociar. Claro, um cara tão legal, tão bonzinho. Prometi avaliar e entrar em contato mais pra frente.
Nunca mais apareci.
Mas, como bom chato passou a me ligar insistentemente.
Até um dia em que disse que não haveria mais casamento porque havia sofrido um acidente e o dinheiro reservado para a festa seria utilizado para comprar duas pernas mecânicas.
Nunca mais me ligou.
Chato!
Mais de Rafael Colombo no blog RETRATO PAULISTANO
Putz, ri só de imaginar essa figura grudenta ...kkkkk Muito bom, muito divertido.
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirpoxa bacana
visita o meu
http://www.masatocollector.com/
vlwsss
enquanto lia fiquei imaginando a cara do "noivo".
ResponderExcluirRafael só confirmou minha teoria de que festas de casamento são um porre, principalmente pros noivos.
Um adoro esse blog.
beijinhos menina.
Esses caras e mulheres oganizadores de festas são um saco, querem empurrar tudo que eles acham que fica bom e termina a coisa ficando o mais brega; sempre tem uma tia falando:
ResponderExcluir- Nossa que horror, no meu tempo eramos mais comedidos...
Muito bom! hehehe
ResponderExcluirRi demais! Testar a pista de dança com luzes diversas foi ótimo! hehehehe
Enfim...muito bom encontrar uma crônica tão bem escrita! Virei mais vezes e no teu blog tb, Rafael!
Abração
Thiago Toscani
www.ttoscani.blogspot.com
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirmuito comédia meu!
Essas pessoas são phoda cara! Deviam vender disconfiômetro para pessoas desse tipo!
haha'
http://luizlukas.blogspot.com/
Hahaha Putz que chatoooooo nossa, me deu até pena de vc!!! Mas morri de rir hahhaa Beijos, adorei o post!
ResponderExcluirEssa história do Rafael poderia muito bem ser um conto... só que de terror! Que situação mais embaraçosa hein! O que era para ser prazeroso revelou-se um fiasco interminável e inviável! rsrs
ResponderExcluirAo menos o fim foi cômico! : D
kkkkkkkkkk ótima crônica!
ResponderExcluirEle escreve muito bem!
Blog muito bom!
http://sinaldoluna.blogspot.com/
Vou lembrar disto na hora de organizar meu casamento ...
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirmuito boooooom!
só podia ser né!? pra combinar com o blog que é um espetaculo!
é..casamento é uma coisa muita complicada, antes durante e depois! rs
;**
kkkkkkkkkkkkkkkkkk gente, e a parte " tive vontade de agredi-lo" kkkkkkkkkkkkkkkk horrivel. Deve ser muito chato esse longo processo mesmo ;s
ResponderExcluircaracaaaaaaaa kkkk
ResponderExcluirMeu irmão casou final de semana, mas o lugar que foi a festa era muito bom, o gerente era muito gente fina, e não tivemos nenhum problema.
kkkkkk muito bom!!!
ResponderExcluirvisita o meu tmb.:
www.mariaceciliaerodolfo-2009.blogspot.com
bjoo
Meu Deus! Me lembrei nitidamente como é insuportável os preparativos para se casar! Que ótima narrativa, pareceu que você estava me contando, bem aqui do meu lado. Parabéns!
ResponderExcluirenquanto lia, imaginava a experssão do rosto do noivo!!! rsrssrs devia ta hilário... Espero que eu demorei um bocadinho para entrar nessa loucura..
ResponderExcluirapesar que tou passando por algo parecido... A formatura.....
Mais um texto super divertido e de qualidade,como tudo q postam nesse blog.
ResponderExcluirAh, em noivado de pobre isso na existe.
ResponderExcluirOnde se acha um salão espaçoso e bonito, lá mesmo se faz uma recepção para os noivos..rs
Abraços...
Nossa já vou me precaver no meu. Ótima iniciativa convidar outros blogueiros.
ResponderExcluirFesta boa é festa de pobre! Hehe. Não é meu caso, que sou miserável.
ResponderExcluirabç
Pobre Esponja
HAUSHUAHSUAHSUA
ResponderExcluirrachei com a crônica!
não faço ideia de como seja essa maratona pré-casamento, e agora confesso que estou assustado! ahushaush
não quero encontrar um cara desse na minha frente nem ferrando! no primeiro mármore importado da europa que enfeita as mesas eu juro que saio correndo XP
ótima ideia do blog de convidar cronistas ^^
http://songsweetsong.blogspot.com/
Muito Bom! :]
ResponderExcluirAinda bem que sou novo... Pensar em casamento só daqui uns 15 anos. xD
Muito legal!
ResponderExcluirLegal,ainda to longe de casamento
ResponderExcluirCasamento está ultrapassado.
ResponderExcluirBlog com dicas e análises de assuntos gerais.
http://placadetransito.blogspot.com/
HAhAHAHahhhahHAH
ResponderExcluirNossa que situação desagradável!
Esse cara devia ser muito chato mesmo!
Homem de um modo geral também nao se preocupa com o piso de madeira amazônica ou o lustre antigo.
Imagina a cara dos outros casais?
Devia estar muito engraçado.
huahuahaa...Show De Bola..e Muito bem Escrito.
ResponderExcluirPreparativos de casamentos são chatos demais, muita coisa desnecessária.
ResponderExcluirCasamento deveria ser tudo simples.
Festa de casamento: prefira a dos outros. Você não gasta dinheiro, não se estressa com organizadores chatos e cafonas, come e se diverte muito mais!
ResponderExcluirEu sou um ex-Cohab que depois de muita luta começou a se dar bem na vida e ter acesso a certas aquisições de produtos e serviços. Não sei a histório do Rafael Colombo mas no meu caso sou muito polido em certas situações como a boa educação manda. Mas....na quinta página do meu contrato, em letras miúdas, está escrito: "mande esse fdp a merda". Minha mulher fica admirada com a minha capacidade de dizer em voz baixa e com a absoluta calma frases do tipo "desculpa falar mas vc é um vendedor muito afetado e está me incomodando muito, obrigado mas nós vamos embora da sua loja, ok?" Tradução polida para vc é chato prá caralho!!! Rafael, experimente, não tem prazer maior. Abraço!
ResponderExcluir