Por Vanessa Pinho
Chegar a algum lugar é sempre confuso. Você nunca sabe se deve sorrir e tirar os sapatos, ou se já pode ir pedindo um suco de laranja, sem açúcar, por favor!
Apresentar-se pra alguém é aquela coisa bonita de se ver. Você nunca vai dizer: Oii, meu nome é Marcos. Eu enterrava animais vivos quando criança, repeti três vezes a 5ª. série, traí minha primeira namorada com a prima dela, matava aula na faculdade toda sexta feira, tenho transtornos diversos, síndrome do pânico, e há! Aquela vez que o Paulo foi suspenso por ter roubado as provas na sala da diretoria, devo confessar: fui eu!
Nãooooo, claro que não!
Apresentação é igual inicio de namoro: você só mostra o que é bom. Ou seja: maquiagem pura!
Dias atrás, fui convidada a escrever pra uma revista, e a editora pediu para que eu me descrevesse.
Confesso que fiquei com vontade de perguntar: você quer que eu escreva como eu sou ou como você gostaria que seus leitores me vissem? Resumindo, “Posso mentir?”
Então é isso: sou uma pessoa normal, filha de Cristo.
Diante disso, tenho moral pra cometer quantas bizarrices eu quiser. Sou normal, entende? Posso ser a criatura mais estranha, que todo mundo vai me olhar e dizer: ela é normal. Ela usa roupas em tons pastéis, se anima com crianças, usa argolas e fala como a filha do Xororó. Assim, Normal.
Sou alguém graduada e pós graduada em resolver problemas alheios, mas que fica sem chão quando some do banheiro o Victória Secret, aroma de baunilha.
Enquanto escrevo, um tio meio grisalho com ausência de cabelo e de bom senso, instala a tv a cabo e me olha incansavelmente tentando entender o que eu faço, há uma hora olhando pra uma parede verde com listrinhas brancas, com caneta e papel na mão.
Eu escrevo, moço.
E pessoas que escrevem são assim mesmo. Elas precisam olhar fixamente para paredes com listrinhas, a fim de tentar abstrair o cachorro que late, a criança que canta músicas evangélicas na casa ao lado e o tio que ao invés de instalar a merda da TV a cabo, fica aí olhando as minhas pernas.
Então, se o senhor puder, assim, se não for lhe causar muito incômodo, fazer o seu trabalho e parar de me achar estranha, eu ficaria grata.
De nada vai adiantar o senhor ficar me olhando. Porque eu posso até tentar não ser bizarra, mas assim que eu me vir sozinha, toda a minha bizarrice vai voltar com força total, entende?
Clarooo! Claro que eu não disse isso pro tio que instala TV a cabo. Porque eu sou normal, e pessoas normais dizem algo como: Calor, né? Deu na televisão que o tempo muda na terça feira. O senhor quer uma água?
Eu atravesso crianças na saída da escola, simpatizo com velhinhos de mantinhas xadrez. E digo mais: sinto vontade de levar pra casa todos os velhinhos de mantinhas xadrez do mundo. Essa é que é a verdade.
Leio livros considerados legais e assisto a filmes que ganharam o Oscar. Até Avatar eu já vi. Olha que normal que eu sou.
Atendo o telefone só no terceiro toque pra não dar pinta de que estava tendo crises de ansiedade ao lado do aparelho. Choro ouvindo minha mãe emitir sonoridades ao chupar laranja. Adoro encontrar amigas antigas do primário que hoje estão pesando 20 kilos a mais que eu. Adoro.
Gosto de tomar café às três da tarde, ouvindo alguma rádio dessas que fazem com que a gente pense que está tudo sob controle, como a Itapema FM, por exemplo.
Eu tenho medo das horas que antecedem ao sábado à noite.
Passo rímel, uso salto, falo bonito e acabo minha noite encostada num balcão de bar, conversando amenidades com um chatinho de camisa pólo, desses que estudam ciências da computação.
Não bebo. Não fumo.
Adoro escrever, porque acredito que é uma forma de compartilhar histórias, dúvidas, problemas e fazer com que todo mundo tenha a certeza de que todo mundo é louco igual.
Morro de preguiça de pessoas descartáveis que gritam “amiiiiiiiga” e falam com voz de ganso americano. Odeio.
Sou normal. Não sirvo como ponto de referência.
Nãooo, claro que eu não disse nada disso pro pessoal da revista.
Apenas respondi: Vanessa Pinho, 27 anos – Florianópolis – Fotógrafa e cronista do mulherices.com.br.
Porque eu sou assim, normal.
E aí fiquei imaginando que uma descrição justa da minha pessoa, seria algo mais ou menos assim:
Olá gente, eu sou uma pessoa normal.
Assim, normal, dessas que você encontra na fila do banco ou no caixa do mercado comprando pão pro café da tarde. Dessas que tem a maior cara de boa praça, que acorda cedo e põe o travesseiro pra tomar sol.
Quando nasci, o médico me olhou dos pés a cabeça e disse: 3,350 quilos, humm, normal... O padre me batizou como “filha de cristo”.
Assim, normal, dessas que você encontra na fila do banco ou no caixa do mercado comprando pão pro café da tarde. Dessas que tem a maior cara de boa praça, que acorda cedo e põe o travesseiro pra tomar sol.
Quando nasci, o médico me olhou dos pés a cabeça e disse: 3,350 quilos, humm, normal... O padre me batizou como “filha de cristo”.
Então é isso: sou uma pessoa normal, filha de Cristo.
Diante disso, tenho moral pra cometer quantas bizarrices eu quiser. Sou normal, entende? Posso ser a criatura mais estranha, que todo mundo vai me olhar e dizer: ela é normal. Ela usa roupas em tons pastéis, se anima com crianças, usa argolas e fala como a filha do Xororó. Assim, Normal.
Sou alguém graduada e pós graduada em resolver problemas alheios, mas que fica sem chão quando some do banheiro o Victória Secret, aroma de baunilha.
Enquanto escrevo, um tio meio grisalho com ausência de cabelo e de bom senso, instala a tv a cabo e me olha incansavelmente tentando entender o que eu faço, há uma hora olhando pra uma parede verde com listrinhas brancas, com caneta e papel na mão.
Eu escrevo, moço.
E pessoas que escrevem são assim mesmo. Elas precisam olhar fixamente para paredes com listrinhas, a fim de tentar abstrair o cachorro que late, a criança que canta músicas evangélicas na casa ao lado e o tio que ao invés de instalar a merda da TV a cabo, fica aí olhando as minhas pernas.
Então, se o senhor puder, assim, se não for lhe causar muito incômodo, fazer o seu trabalho e parar de me achar estranha, eu ficaria grata.
De nada vai adiantar o senhor ficar me olhando. Porque eu posso até tentar não ser bizarra, mas assim que eu me vir sozinha, toda a minha bizarrice vai voltar com força total, entende?
Clarooo! Claro que eu não disse isso pro tio que instala TV a cabo. Porque eu sou normal, e pessoas normais dizem algo como: Calor, né? Deu na televisão que o tempo muda na terça feira. O senhor quer uma água?
Eu atravesso crianças na saída da escola, simpatizo com velhinhos de mantinhas xadrez. E digo mais: sinto vontade de levar pra casa todos os velhinhos de mantinhas xadrez do mundo. Essa é que é a verdade.
Leio livros considerados legais e assisto a filmes que ganharam o Oscar. Até Avatar eu já vi. Olha que normal que eu sou.
Atendo o telefone só no terceiro toque pra não dar pinta de que estava tendo crises de ansiedade ao lado do aparelho. Choro ouvindo minha mãe emitir sonoridades ao chupar laranja. Adoro encontrar amigas antigas do primário que hoje estão pesando 20 kilos a mais que eu. Adoro.
Gosto de tomar café às três da tarde, ouvindo alguma rádio dessas que fazem com que a gente pense que está tudo sob controle, como a Itapema FM, por exemplo.
Eu tenho medo das horas que antecedem ao sábado à noite.
Passo rímel, uso salto, falo bonito e acabo minha noite encostada num balcão de bar, conversando amenidades com um chatinho de camisa pólo, desses que estudam ciências da computação.
Não bebo. Não fumo.
Adoro escrever, porque acredito que é uma forma de compartilhar histórias, dúvidas, problemas e fazer com que todo mundo tenha a certeza de que todo mundo é louco igual.
Morro de preguiça de pessoas descartáveis que gritam “amiiiiiiiga” e falam com voz de ganso americano. Odeio.
Sou normal. Não sirvo como ponto de referência.
Nãooo, claro que eu não disse nada disso pro pessoal da revista.
Apenas respondi: Vanessa Pinho, 27 anos – Florianópolis – Fotógrafa e cronista do mulherices.com.br.
Porque eu sou assim, normal.
Enterrava animais vivos...kkkk...Que pensamentos!! Medo de ti! Eu tenho pavor de auto descrição (acho que sem hífen agora??) também. Situação constrangedora, ainda mais para mim, amarelo. Fiquei curioso com o solteira convicta. Isso se aplica a personagens fictícos?? Abs.
ResponderExcluirAinda bem que voltei...Eu tava com o ordinária na cabeça, mas li aqui do lado solteira (associação livre..rsrsrs).Hããã.. Esqueçam..Tô curioso com as duas..Falem comigo!
ResponderExcluirmas ficaria interessante se dissesse ser anormal...
ResponderExcluirO Alienista de Machado de Assis bem que avisou...
ResponderExcluirrsrsrs
Quando a loucura de estabelece de maneira uniforme e indiscriminada ela nada mais é que normal mesmo.. Vc tem toda razão. O normal é ser bizarro e fazer coisas que, definitivamente, vc só faz quando está sozinha. Ou quando vc quer ser doida só pra se divertir. O fato é que ser certinha é a maior chatice!
;)
POIS É
ResponderExcluirTUDO Q FAZ PARTE DA GENTE, É NORMAL
Não maqueio muito não. Acho legal deixar a pessoa à vontade, para que ela também fale algumas contravenções. Sou muito íntimo das coisas que sinto para conseguir dissimular...
ResponderExcluirPara emprego é outra coisa,né... normal...anormal
bj
Pobre Esponja
Sabe de uma coisa... fiquei divagando aqui o porquê do "normal" ser tão importante e desinteressante se o "normal" de verdade é muito mais interessante e banal do que isso...
ResponderExcluirSabe, eu deixo o tio da TV à cabo no canto dele, e até faço que não vi pra não ter que falar de amenidades. Porque como eu sou normal, não tenho vontades de bater papo com alguém por quem eu não tenho nenhum apresso ou desconheço.
Adorei o texto; uma autodescrição às vezes é complicada mesmo. E o moço da tv a cabo é sempre (ou quase sempre) curioso pra saber da vida dos clientes...
ResponderExcluirSer normal deve ser bom.
ResponderExcluirCasdinho RoCo
mehhhhhhhh quebrou a banca! nessa normalidade toda tua inteligência superou... HOHOHO.
ResponderExcluirDa próxima vez tu fala, prazer: Vanessa pinho. Socializada de acordo com as tradições conservadoras-cristãs, porém uma únidade bio-psico-cultural capaz de grande reflexão!
parabéns pelo texto.
ISSO É BEM NORMAL :d
ResponderExcluirMorro de preguiça de pessoas descartáveis que gritam “amiiiiiiiga” e falam com voz de ganso americano. Odeio. RI DEMAIS!
ResponderExcluirEu escrevo enquanto durmo, já comi merda, queimei dinheiro e conto isso pra todo mundo. Fdam-se, vcs vão morer e virar bosta que nem q todo mundo, e a última coisa que pretendo fazer é mentir sobre isso pra algum funcionário de rh ou princesa iludida pra conseguir atestado de servidão por tempo indefinido.
ResponderExcluirMeôÔ, tu és muito figura
ResponderExcluirkkkkkkkkk
Beijos
Mara
Me identifiquei muito com esse texto, aliás gosto muito dos textos da Vanessa Pinho. É realmente mto difícil tentar se descrever para alguém qu você não tem a mínina intimidade. É claro que diversas vezes, pensamos como loucos mas é que nem vontade dá e passa...até que a "normalidade" volta e tudo volta a ficar estabilizado.
ResponderExcluirNunca vamos descrever para um pretende ou numa entrevista de emprego como uma pessoa preguiçosa, impontual ou ciumenta. A vida tem dessas coisas e para continuarmos parecendo "normais" disfarçamos nossas loucuras.
Se quiser visita depois meu blog tb: http://coisasdavidaju.blogspot.com/
Bjossss
Geniaaaal!
ResponderExcluirEu amei o texto e me identifiquei muito!
"Sou normal. Não sirvo como ponto de referência."
Muito bom (:
Viva a Vanessa!
ResponderExcluirhttp://fogodeletras.blogspot.com/
Sua forma de se expressar não é nada normal, posso garantir!
ResponderExcluirQuando vi o nome do blog pensei "puta merda, aonde eu vim parar?!". Nunca se enganar foi tão bom na blogosfera!
Parabéns, virei fã!
http://papeisriscados.blogspot.com/
.
http://twitter.com/PCNxD
Pessoas tinham que ser mais normais como voce , e escrever belos textos como esse, clareza de ideia rara de se ver hoje em dia.
ResponderExcluirAcaba de ganhar um leitor ^^
Você fala em ser normAl como se fosse pouco, ou como se fosse algo que não fosse interessante. Ser normal é muito interessante e as pessoas complexas (cheias de características itneressantes) são pessoas normais, porque o normal é ser interessante. Tem muita gente que se condena por suas manias, mas até a pessoa mais normal do mundo tem suas manias, algumas até bem estranhas, porque é normal, sob determinado aspécto, a pessoa ter alguma mania meio estranha.
ResponderExcluirHahaha, amei o post e o assunto *-*
ResponderExcluirhttp://thingsithink123.blogspot.com
hahaha, mt boa a sua historia, apesar de ser veridica!
ResponderExcluiré aquela velha maxima de q a primeira impressao é a q fica! nao se preocupe, ninguem é normal, nem mesmo o tiozinho da tv a cabo! kkkkkkkkkkkk
http://www.10preparados.com/
Adorei. a 1a foto tah bem lady GAGA;
ResponderExcluirRespondendo a pergunta que vc fez no Hysteria Project:
ResponderExcluirele chegou a 40km/h=D
bom e normal!
ResponderExcluirO simples é fascinante, o normal as vezes é chaaato, mas só as vezes, qnd se é natural td é valido.
ResponderExcluirhttp://www.surupanganews.blogspot.com/
No dia que as pessoas descobrirem isso, o mundo será um lugar melhor. Acho que o problema da maioria é achar que é o que não é, ou querer ser o que não é. Todos são normais, cada um do seu jeito. O normal para você, talvez não seja normal para mim.
ResponderExcluirAbraços,
Você escreve muito bem para ser normal. Adorei as coisas que "você nunca vai dizer"! Abraços e sucesso com o blog!
ResponderExcluirnormal !
ResponderExcluirVixe, seu eu for seguir a sua lista de normalidades,então eu sou anormal. Credo!
ResponderExcluirAdorei o texto...
Vanessa!
ResponderExcluirAmei o texto, fiquei dando risada de algumas coisas, que bom, tb sou normal, hahaha.
Bom te encontrar por aqui. Ontem falei de vc pra tua irmã. Agora adoro duas "Pinhos", rsss.
Um beijo grande e muito sucesso.
eu sou totalmente anormal '-'.
ResponderExcluirque viagem,belo texto.muito sei lá.nem sei o que falar xD.
Nossa amei o seu texto, em algumas partes parece muito comigo :D
ResponderExcluirMas não sou muito normal, mas enfim uauahaa
Beiijos
me add no msn
ResponderExcluirfalecompexe@hotmail.com
oi visite o meu blog de sindrome, obrigado.
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