quarta-feira, agosto 24, 2011

Derruba a mãe, Peão

Por Lilian Buzzetto

Poucas vezes na vida algo me deixou tão revoltada quanto o peão de Barretos que quebrou a coluna de um bezerro. O bicho estatelado na arena, carregado por não conseguir levantar não vai sair da minha memória por muito tempo. (Pedi expressamente para não ilustrarem o texto com a foto do evento porque não quero nenhuma célula ou pixel daquela besta perto de mim)

Quando vejo coisas assim perco a vontade de salvar o planeta – sinto ganas de usar mais plástico, poluir, sujar, colaborar para que a obra divina seja o mais fodida possível. Para garantir, escrevo esse texto com o chuveiro ligado, gastando bastante água e energia. Por quê? Porque não tenho a menor vontade de deixar um mundo melhor para as próximas gerações... Aliás, sequer sei se uma próxima geração de gente é boa idéia.

Gente como esse César Brosco e todos os espectadores pendurados em volta fazem com que eu queira a humanidade varrida da existência. Algumas outras espécies inocentes vão junto, claro, mas – venhamos e convenhamos – elas já estão bem ferradas por coabitar o planeta conosco pra começar. E, abrindo espaço, quem sabe evolua alguma forma de vida que preste para povoar a esfera azul.

Aliás, falando em espécie, recuso-me terminantemente a acreditar que eu e essa peãozada fazemos parte da mesma. Prefiro ser chamada de vaca a compartilhar qualquer semelhança com essa raça de gente que usa fantasia de texano fora de festa temática. E me sentiria muito mais digna usando os chifres do que o chapéu.

Como bradei aos quatro ventos ao saber da notícia, o Código Penal me proíbe de ameaçar ou tomar a atitude que eu acho cabível com essa criatura e seus pares... ok. Mas não há nada na lei me tolhendo o direito de torcer que eles terminem suas vidas tão tetraplégicos quanto o bezerro na arena. Desejar não é crime e eu desejo muito que essa gente se foda. De preferência, num acidente que envolva um chifre enfiado no reto levando o saco na ponta de lambuja.  

Sim, minha alma está enegrecida pelo ódio e muito provavelmente eu preciso aprender algo sobre compaixão e perdão. Talvez, eu devesse sentir pena desses ignóbeis. Mas eu não sou tão correta assim. Prefiro odiar irracionalmente, correr o risco de ser reprovada na vida e reencarnar como besouro rola bosta a voltar junto com a trupe do chapéu.

Preconceito? Não tem nada de pré nisso. É PÓS CONCEITO. Depois de tudo que já li, vi e ouvi sobre touradas, rodeios, brigas de galo e atividades de lazer que machucam os animais, desconfio que a humanidade tem muito mais psicopata enrustido do que a gente quer acreditar... E psicopata é o termo correto, na minha opinião, porque sentir prazer com o sofrimento de animais é parte da velha Tríade de McDonald que os psiquiatras usam para identificar a escória humana que não tem solução. [Sou capaz de apostar que a maioria deles mija na cama também]

Nem mesmo quando ouço sobre crimes hediondos fico tão indignada. Assassinatos, estupros, gente botando fogo em filho... nada me revolta neste nível. Talvez porque, no fundo, mesmo quando há gente inocente sofrendo, é tudo parte da mesma raça e a humanidade que se entenda. Agora, os animais, menos evoluídos, não deveriam ter nada a ver com a parcela escrota da população que mata – não para comer, não para se defender, não para disputar algo necessário para a sobrevivência – mas para se divertir de alguma forma distorcida e sádica.

Se esses machões precisam demonstrar algum tipo de brutalidade para se sentirem bem, deveriam passar o resto da vida quebrando pedra na Sibéria (ou minerando a Patagônia, por proximidade) para mostrar a força. Ou tal corja poderia ser condenada a puxar carroça pesada no lugar do burro – o que serviria bem para exibir potentes músculos e, de quebra, para fazer algo que preste. Eu acho.

Não posso fazer muita coisa além de não compactuar e tornar público o quanto detesto esses esportes que envolvem a prática de maus-tratos com os animais e seus respectivos praticantes. Mas posso pedir encarecidamente para todos aqueles que souberem quem são os PATROCINADORES deste tipo de selvageria, que me avisem. Farei questão de nunca consumir um só produto que eles fabriquem – e fazer campanha contra. Não é muita coisa, principalmente sozinha, mas no mundo capitalista é o melhor jeito que conheço para agredir dentro do permitido.

E quanto à humanidade, termino com um recadinho para o superior hipotético me apropriando das palavras de George Carlin: “Se este é o melhor que você pode fazer, Deus, NÃO ESTOU IMPRESSIONADA”... Agora, deixa eu achar um site de astronomia para ver se consigo restaurar a fé em algum tipo de ser supremo onipotente e minimamente competente. Ou torcer para que os cientistas tenham encontrado um asteróide do tamanho da Lua em rota de colisão com esta merda.

E quem gosta de rodeio, pode continuar gostando. Mas não quero NENHUM contato e estou pouco me lixando para o que você pensa a meu respeito ou à minha opinião. Retribua se lixando para a minha e se afaste antes que eu vomite no tapete. 


sexta-feira, julho 29, 2011

Pendência

Por Karina Lima
Tenho que vencer nessa vida, é urgente. Conhecer o mundo, sacar belas fotografias, degustar os sabores mais exóticos, manejar a agenda cotidiana com o talento de uma malabarista circense, alimentar essa minha sede doida pelo constante movimento. Isso tudo sem deixar a vida passar despercebida. Assobiando e chupando cana.

Tenho que ter um lindo e amplo escritório com um frigobar retrô e um baleiro das antigas, ornando com decoração off-white, futurista, moderninha, inusitada. Para isso, trabalho desenfreadamente: penso no prosecco, em tudo o que ainda tenho que fazer, nas minhas ambições,  e me lanço, confiante. Escolhi empreender, dar risada do risco, calculá-lo todos os dias, conquistar, persuadir. Optei por uma profissão pela qual tenho paixão, e paixão é um lance que te leva até as últimas conseqüências.

Tenho que ser uma máquina de criatividade, é urgente. Para isso, devoro livros e revistas, armo a agenda para passar manhãs em livrarias, alimentando meu ímpeto por criar algo novo, reinventar o que há. Para isso, olho o mundo sempre com a intenção de capturar o evento, guardar uma boa sacada, trazer uma inspiração no bolso. Mal descanso: ando acordada demais, é o que dizem por aí.

Tenho que estar próxima dos entes e amigos mais amados – para isso, me desdobro em 1000 para saudar nos aniversários, escrever um recado carinhoso em Post-It, mandar um cartão natalino, passar uma noite fazendo escândalo num karaokê, planejar uma viagem incrível, promover uma roda de chopp ou de pizza pra multidão. Pelo meu eleitorado, não durmo, e vale a pena cada pedaço de sacrifício. 

Tenho que ponderar minha absoluta sinceridade: talvez ela até tenha um quê ingênuo em vários momentos, porque insisto em botar fé no mundo bem-intencionado, que valoriza a verdade nua e crua, sem pó compacto e nem corretivo.

Tenho que me exercitar, mesmo quando tudo o que queria era só dormir. Meu próprio organismo já nem se encosta por muitas horas: vive como o bombeiro que, a qualquer momento, pode ser acionado para apagar o fogo em uma esquina qualquer. Claro que sou uma criatura levemente alucinada, que acorda cantando, mas moram em mim um coelho e um bicho-preguiça que se engalfinham todo dia – desde algum tempo,  o coelho anda em séria vantagem nessa pancadaria sem fim.

Tenho que encontrar minha metade, é urgente. Para não ouvir minha avó dizer que já estou madura demais, para não ficar a mercê de circunstâncias, para não sentir a mais profunda solidão acompanhada na balada: pra lá, só vou se a vontade de ‘dançar como se ninguém estivesse vendo’ me invadir. Caso contrário, me deixo envolver pelo pijama e as minhas pantufas do Homer Simpson.

Tenho que ser a melhor filha do mundo, é urgente. Nada mais justo que retribuir todo o empenho, amor e sacrifício feitos em meu nome, um dia. Em busca disso, espremo meus horários, levo meus pais para provar comida nova, e me delicio ao assistir suas pequenas descobertas, e o brilho nos olhos deles por fazer isso em família, por ter sua prole por perto, rindo de bobagem, lembrando do que já se foi. Eles protagonizam meus melhores momentos.

Tenho que fazer mais pelo próximo. Nada me traz mais novas energias do que isso. A cada hora dedicada aos meus pequenos no hospital, penso em poder, um dia, doar muito mais: sou eu quem mais ganho, ao final das contas. Doar-se gera, hoje sei, um divisor de águas na vida.

Tenho que escrever pro Mulherices, um projeto pelo qual carrego todo o carinho, que me transformou em cronista por acidente. Nos últimos dias, a @lilianbuzzetto tem enlouquecido geral com o fim do Mestrado e o trabalho insano, a Stella Benevides se deu férias porque acaba de catar mais uma penca de filhotes de gatos de rua, e está lá na fase mais devota da adoção, tomando porres diante da Remington sem um sulfite ou texto novo sequer. Ela vive em outro ritmo, o tempo dela passa mais devagar, a véia já não corre mais, e me chama de nerd lunática. Fico cá matutando com meus botões se não sou mesmo a louca desvairada nessa história...

Tenho que ter tempo livre. Pra desenhar bichos pra minha afilhada com giz de cera, pra deixar o tempo passar em frente a uma temporada inteira de série de TV, pra chorar com filme água com açúcar, pra adormecer num fim de tarde, bater papo no bar, ler um livro bem, mas bem bocó.

Tenho que tomar um porre pra esquecer metade das coisas anotadas na minha mente burocrata.  É urgente.   :-)

sexta-feira, junho 24, 2011

Saco

Por Stella Benevides
Amiguinhas do Mulherices! Hoje a tia Stella está muito feliz. Sim, porque praticamente eu não vejo mais problemas no mundo ao meu redor. Tudo está resolvido, como que por encanto.

Tudo bem que eu achei meio chato o governo daquela senhora gorduchinha e de cabelo armado ter acolhido o assassino italiano como um fraterno “cumpanhêro” e ter feito o povo brasileiro passar vergonha no mundo, só pra variar.

Deixa pra lá, não importa!

Também fiquei estarrecida com o caso dos livros didáticos, que aparentemente pretendem abolir a gramática e a matemática da vida dos estudantes, talvez para que sobre mais tempo para que eles aprendam o que realmente importa hoje em dia para o MEC: que legal mesmo é ser gay, ainda que analfabeto.

Mas deixa isso pra lá também, não tem importância!

Confesso também que fico um pouquinho aborrecida ao notar que, como ninguém poderia prever, as obras para a Copa e para as Olimpíadas podem ficar na história como a maior roubalheira jamais vista por aqui. E olha que em termos de roubalheira nós somos sempre medalhistas!

Ah, mas que importância isso tem, né?

Também acho meio estranho que enquanto os bandidos assaltam e matam como nunca e a saúde pública está a droga de sempre, o governo arrecada cada vez mais impostos e ministros enriquecem da noite para o dia – e em resposta a tudo isso, vejo a juventude mobilizada por coisas realmente importantes, como o direito de fumar maconha, por exemplo.

Mas nada disso importa! O que importa mesmo é que os veneráveis políticos brasileiros, em especial os heróicos vereadores aqui da minha Terra da Garoa, conseguiram, num ato de extrema coragem, extinguir de uma vez e para sempre aquela que é, sem sombra de dúvida, a grande vilã da humanidade: a sacolinha plástica!

Fiquei realmente emocionada ao saber que agora, graças aos nossos destemidos representantes, poderei ir ao supermercado e comprar arroz, iogurte, refrigerante pet e todas as outras coisas em embalagens plásticas, mas não correrei o risco de destruir o planeta! Sim, pois o problema não é o plástico. O problema é a sacolinha, essa perversa arma de destruição em massa.

E eu que achava que utilizar sacolinhas pra colocar o lixo na rua era uma forma de reciclagem! Que burra que eu era! Agora eu sei que o certo é embrulhar o lixo naqueles sacos pretos bem grossos. Não faz mal se eles também demoram uma eternidade pra se desfazer no meio-ambiente. Porque o problema, como me ensinaram os meus sábios representantes na Câmara dos Vereadores, é ela: a sacolinha!

Agora, quando a Sandra Bridi – aquela repórter que sempre anuncia no Fantástico que o mundo vai acabar – fizer uma reportagem mostrando que as tartaruguinhas marinhas estão se engasgando com uma sacolinha plástica com a logomarca do supermercado aqui da minha esquina, eu não vou mais me sentir culpada! Vai ser culpa da minha vizinha, aquela antiecológica, que vai insistir em usá-las!

Tudo graças aos nossos valentes políticos, audaciosos como sempre, que copiaram mais uma dessas leis-marmita, que já vêm prontinhas para o cumprimento fiel das agendas mundiais. Isso! Igual a anti-fumo e outras tantas.

Mas bacana mesmo foi o prefeito, que perguntado sobre o que achava do assunto, foi enfático e cheio de atitude:

- Tá provado que prejudica o meio ambiente, tá certo. Tem que proibir mesmo!

Uau! Mas que análise profunda!

Então tá. Combinado. Prejudica o meio ambiente: proíbe! Tudo. Qualquer coisa. Faz porcaria no planeta, proíbe! Boa, prefeito.

Eu acho que devem ser proibidos os pneus. Sim! Você tem idéia do tempo que um pneu leva para se desfazer no meio ambiente? Não? Nem eu, mas tenho certeza de que é mais que uma sacolinha.

Lei anti-pneu, pronto!
Mas não é só isso.

Carros, ônibus e caminhões têm várias partes de plástico! Que horror! E as tintas que colorem suas latarias? Alguém sabe o mal que a fabricação de tintas causa ao meio ambiente? Não? Nem eu, mas sei que faz. Proíbe! Aliás, também tem a poluição causada pelos motores, não tem? Prejudica o meio ambiente, né prefeito?

Pronto, decidido: voltamos às carroças!
Não, não! Carroça feita de madeira? Derrubar árvores? Nem pensar, meu prefeito não deixa!

Vamos a pé.
Vamos a pé, mas descalços, porque sola de sapato deve ficar séculos emporcalhando o meio ambiente, pior que sacolinha. Mas vamos durante o dia, porque luz elétrica já era: nem pensar em usinas pra produzir eletricidade. Lanternas também não teremos mais. Você sabe o que as pilhas provocam, não sabe? Meu prefeito sabe e vai fazer uma lei anti-pilha, tenho certeza.

Vamos, vamos lá, gente, todos juntos.
Pra onde?
Ué, pras montanhas, pro mato! Viveremos lá, comendo capim, saudando o Deus Sol e a Deusa Lua. Sem celular, sem latinhas de cerveja, sem escova de dente. Sem chapinha, sem depilação. Pelados e felizes.

(Ok, prefeito: o senhor não precisa ficar pelado, tá?)

Passaremos as noites de lua cheia em volta da fogueira. Ó, que lindo! Mas, pensando bem, melhor não ter fogueira. Fumaça polui, né? Então. Já desinventamos a roda, vamos esquecer também como se faz fogo. Logo vamos entrar nas cavernas, subir nas árvores. Ficaremos peludos e começaremos a nos comunicar por meia dúzia de grunhidos. E nossos polegares, aos poucos, deixarão de ser opositores.

Pronto.
Fim.

A natureza provavelmente vai tentar de novo.
Dessa vez, talvez com as formigas. Ou as abelhas.

Ei, Darwin!
Por essa você não esperava, né?

sexta-feira, junho 10, 2011

O tal do 12

Por Karina Lima

Eu me arrastava com revistas, minha bolsa feminina do Mcgyver, iPod e mochila do notebook: chegar até o assento no avião seria, claro, uma missão tão perigosa quanto desarmar uma bomba-relógio. Mas cheguei. Ao meu lado, no assento  11A, um moço de uns 35 anos, daquele tipo que joga Angry Birds 24 horas ao dia no iPhone, fazia caras e bocas falando com alguém:

- Aham, é. Volto tarde. Nem me espere. Tchau.

De uma doçura que me lembrava chá de boldo ultraconcentrado... Quando ele desligou o aparato eletrônico vi, com minha visão Raio-X-Fuxiqueira, uma foto de criança na tela do telefone, enquanto ele criava seis rugas na face pra fazer uma expressão de reprovação, cochichando:

- A patroa...

Esbocei meu sorriso amarelo-padrão, e me pus a pensar porque as pessoas viviam juntas pra agir assim, feito ilustres desconhecidos, nessa secura toda. Acho que até sei a resposta -- tinha visto, no noticiário, que mulheres do Japão buscavam casar-se depois das últimas catástrofes naturais por lá, pra se sentirem mais apoiadas na ocorrência de novos tsunamis. Se o bicho está pegando nesse nível e se o desespero globalizou, tudo é possível, ponderei.

Ele voltou a jogar, e eu iniciei meu corriqueiro massacre mental. Como era quinta, dia 09 de Junho, iminência do Dia dos Namorados, já tinha me rendido boa cota de piadas, prosas e teorias infundadas. Eu estava ali, sozinha, já pensando no que fazer na próxima noite de sábado, mas de algo eu sabia: queria estar em qualquer esquina do mundo, mas não na pele daquela esposa.

Eu podia me gabar da recente solteirice, da minha nova liberdade publicamente anunciada, dizendo que posso viver de esbórnia, fazer pole dance na balada ou colecionar affairs alternados pelos dias da semana. Mas não. Podia também me lamentar, dizendo que até minha avó de 94 anos já professou, há um mês, que estou “bem madura” e na hora de pensar em casar, ter 7 filhos viris, um cão Labrador e uma casa com varanda. Seria ainda pior. Podia fazer o triste papel de moderninha que se gaba dizendo ser independente, decidida, descolada e empreendedora, do tipo que “assusta” os pretendentes, mas ainda tenho alguma preguiça, graças a Deus, de passar por esse ridículo. Que um boi me lamba se eu perder a sanidade, peço humildemente. Muito menos vou sair por aí esbravejando que homens são debilóides que só pensam em vídeo game, pornografia, cerveja e vadias: fim de carreira está anunciado pra quem estiver nesse estágio de autoflagelação.

É óbvio que vejo comédias românticas que me idiotizam. Lógico que me desmancho por completo quando vejo um cara ter tato com crianças, projetando-o como pai. Claro que tenho doces memórias de dias e noites passadas a dois, colecionando bobices e delícias comuns, típicas de gente enamorada. Me amarro nessa partilha, aliás. Mas também é verdade que rezo pra nunca ser sozinha, tendo suposta companhia – quer dividir sua vida com alguém? -- tenha admiração real, suspire, perca o fôlego por esse bendito, ou então, esqueça. Não faça, pelas caridades, feito as japinhas que querem esposo só pra agarrar alguém na hora do tsunami. Conheço um montão de gente assim, lamentavelmente.

Já dizia Pessoa que para viver a dois, é necessário aprender a ser um. Me empenho na carona para esse barco: conviver comigo e com os outros, serena e tirando o melhor do que o momento reservar. Assim seguirei até o belo dia em que eu mais tenho ‘dó’ de mim mesma: quando alguém conseguir fazer essa pessoa supostamente articulada, fria, calculista e compenetrada, virar uma pata choca e mongol, do tipo que derruba os potes do galheteiro e troca as palavras falando ao telefone.

Até lá, vou deixar os casais congestionarem as ruas dos motéis sem praguejar a performance sexual futura de ninguém, e vou levar na esportiva as cantadas de pedreiro que espero receber amanhã, enquanto danço com a companhia mais sexy do momento: o meu copo de Mojito